O ego do fotógrafo
A fotografia contribui para levarmos uma vida mais gratificante, seja tida como uma forma de relacionamento com o mundo, seja utilizada como demonstração de uma habilidade técnica, o fotógrafo deve permitir que a fotografia contribua para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade.
A relação prática e mais direta do fotógrafo com a fotografia, sendo esta uma arte multifacetada, ocorre de formas infindáveis, mas depende somente da intenção do fotógrafo e do contexto da obra, sem dúvida que é uma maneira de interpretar e expressar as perceções do mundo ao nosso redor, é uma ferramenta de comunicação, de partilha de experiências, que cria empatia em relação ao próximo. A fotografia pode também ser tida como demonstração de uma habilidade técnica, há fotógrafos que se podem focar mais na técnica e na estética das suas imagens e aqui a fotografia destaca-se como uma forma de arte visual onde tem relevo a maestria do controlo da luz, a composição e a produção, por fim, a fotografia é também utilizada em contextos comerciais, onde a ênfase pode estar mais voltada à estética e ao impacto visual do que a uma mensagem profunda.
Mas a apreciação da fotografia como arte está ligada tanto ao seu valor estético quanto ao seu potencial de transmitir experiências, emoções e histórias, originando um diálogo entre o fotógrafo, a obra e o espetador. Um fotógrafo pode inicialmente buscar a exibição das suas habilidades, mas ao longo do tempo e da prática, pode descobrir e explorar uma narrativa mais pessoal, mais critica, mais criativa.
A fotografia como arte tem várias motivações, a simples paixão pela fotografia pode promover imensa alegria permitindo ao fotógrafo desenvolver o seu processo criativo na expetativa de alcançar um estágio de autoconhecimento que melhore a sua relação com o mundo exterior, mas a fotografia pode também refletir a paixão do fotógrafo pelo assunto, seja natureza, retratos, vida urbana ou qualquer outro, mas seja por que motivo for, a fotografia tem sempre de estar impregnada de emoção.
A relação imaterial e mais sentimental do fotógrafo com a fotografia deve considerar vários aspetos da personalidade e do comportamento do fotógrafo com a própria fotografia como arte, com o assunto fotografado e com os utilizadores ou consumidores da fotografia. Como qualquer atividade comprometida com o comportamento humano, podem resultar aspetos positivos e negativos que refletem a personalidade individual.
A fotografia deve gerar a capacidade do fotógrafo se preocupar com o mundo que o rodeia, contribuir para o bem-estar dos outros e de entender as suas emoções, deve incentivar a capacidade de o fotógrafo refletir sobre as próprias ações e motivações promovendo um crescimento pessoal saudável. A fotografia e todo o processo envolvente deve obedecer sempre a valores éticos que orientam comportamentos de honestidade, lealdade e justiça.
Por outro lado, a fotografia pode expressar uma preocupação excessiva do fotógrafo em si próprio, passando para segundo plano os sentimentos e necessidades do que o rodeia, levando a comportamentos narcísicos e por vezes hostis em relação aos outros, a fotografia pode ainda revelar a falta de um código ético ou disposição para agir sem consideração do bem-estar alheio.
Todos estes aspetos comportamentais resultam da personalidade e identidade do fotógrafo, do ego do artista e refletir como o ego se manifesta em nossas vidas pode ser um passo importante para promover relações mais saudáveis e uma vida mais gratificante.